“E quando eu vejo que meu coração ficou tão longe, me pergunto como eu sobrevivi. Tão longe e tão sozinhos, nós dois. Eu aqui sentada posso até sentir em minhas lembranças seu cheiro, seu toque, seu tudo. Mas esse buraco enorme que se formou entre nós é real, real demais pra mim. Eu não queria, mas me arrependo de todas as vezes que fui injusta contigo, que não te dei o valor que tu tinhas pra mim. Sabe o quanto dói ser ferida por si mesma? Não poder ter uma estrela só nossa, como antes, pra nos proteger? Porquanto eu me pergunto o que amar me faz sentir aqui dentro, racionalmente, amar me faz querer estar perto de ti pra te proteger.Proteger não do que se pode ver, mas de todas as tristezas e perdas dessa vida avarenta. E você foi embora sem se preocupar com isso e levou consigo meu coração, minha vida. E até que eu crie, construa um novo aqui dentro, vou sempre lembrar de ti como o sorriso que embalava minhas manhãs, a voz que eu ouvia rindo de mim quando eu tropeçava, o olhar que me consolava e o amor que assolava meus dias. Me desculpe se eu nunca disse isso por medo de te perder, ou por medo de te amar demais, mas é que eu te amo mesmo sabe? Amo e não me orgulho nem um pouco disso, amo com uma certa surpresa. Porque entre todas as pessoas da minha vida, entre todas que me amaram, eu fui escolher justo a ti. O mesmo que levou meu coração pra tão longe de mim, e faz-me perguntar a mim, como eu sobrevivi?”
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